O QUE É A PSICOSSOMÁTICA
As verdades são determinadas de acordo com as descobertas de cada século ou época. Muda-se a maneira de pensar sobre determinado assunto toda vez que a ciência responde a novas perguntas. Cria-se então uma nova "verdade” um ”mito” que a ciência utilizará para explicar fenômenos por muito tempo até que novas perguntas surjam e não tenham explicação. Desta forma surgirão novas pesquisas que darão novas respostas e então elas se tornarão "verdades" e essas verdades criarão novos "mitos" e assim sucessivamente.Sabe-se com certeza que dificilmente a ciência chegará ao entendimento total do ser humano. Esta é provavelmente a verdade deste início de milênio, um possível "mito”. Cada idéia nova que surge tem credibilidade de acordo com sua probabilidade de comprovação, a ciência cuida muito bem disto. No entanto, é comum agirmos com familiaridade com algumas pessoas que nunca vimos, citadas por nós como grandes conhecidos, tomando suas idéias e sua criação como a representação deste ser para cada um de nós. Assim, vivemos defendendo a idéia desta pessoa como sendo nossa idéia e nós passamos a pensar como ela se não tivermos a capacidade de ampliar nosso conhecimento. Outras pessoas, no entanto só as vemos através do corpo; pois nossa fantasia se incumbe de transformá-la ou numa linda pessoa, meiga, sensual, maternal, paternal ou em alguém destrutivo. Este tipo de comportamento nos leva a determinados pensamentos automáticos que gerarão sentimentos e descargas hormonais as quais reagiremos sempre que estivermos diante desta imagem. Os órgãos dos sentidos quando acionados, em qualquer circunstância, desencadearão respostas holísticas em cada um de nós, manifestando-se emocional e fisicamente.
Estas experiências vividas ou resultantes de fantasias ou de nosso instinto (percepção mais primitiva da vida), continuarão atuando em nosso pensamento de uma maneira consciente ou inconsciente. Se for reprimida ou negada por qualquer situação de conflito, seja de natureza social ou emocional, irá para o inconsciente, uma espécie de caixa preta do individuo, que agirá constantemente como um imã que dirige o objeto através de um manejo invisível, no caso será a atuação do inconsciente, como no exemplo do objeto que se movimenta em cima da mesa parecendo ter vida própria, mas que é comandado por movimentos do imã oculto sob a mesa (inconsciente). As expressões faciais, as posturas corporais, o tom de voz e a atuação diante de outras pessoas mostram algumas faces deste inconsciente, que através do corpo expressa aquilo que o incomoda e o comanda. O desconhecimento da sua própria vontade e da sua própria vida torna-o então incompreensível. Assim age o ser humano, assim deveríamos estudá-lo para entendê-lo melhor por inteiro, como corpo, mente e espírito inserido em seu meio ambiente.
O movimento psicossomático surgiu na década de sessenta no Brasil, no período em que se estabelecia a "Revolução dos Corpos" na Psicologia e na Medicina buscava-se respostas para entender melhor as doenças funcionais que não tinham explicação médica, numa tentativa de integrar o corpo e a mente. A era da transgressão começava na Europa e explodia em todos os continentes, pois a população de todos os países queria mudanças na forma de viver e de ser. Para promover mudanças, as transgressões eram necessárias, pois se buscava a liberdade de direitos e melhores dias. A Psicossomática surgiu então para proporcionar um entendimento melhor do ser humano pois acreditava-se que tratar de uma única parte do indivíduo era uma forma reducionista e incompleta de atuação.
Paralelamente a este pensamento científico, surgiram também as especialidades e a tecnologia e o pensamento dominante no meio acadêmico passou a ser então tecnologia na educação, na ciência e na saúde. Conquistou-se o espaço, mas não se entendeu o homem.
O movimento Psicossomático, no entanto perdurou estes anos todos em todo o país e no exterior. Muito se pesquisou e ainda se pesquisa sobre somatogênese e psicogênese. Muitas teorias foram formuladas a respeito, muitas evidências foram descobertas, mas os profissionais da saúde continuaram a falar em guetos sem troca de experiências. Aconteceram então as confusões: psicólogos acreditaram que a Psicossomática os tornaria médicos e os médicos entenderam que a Psicossomática os tornaria psicólogos. Não é possível fazer uma hibridização de profissões, mas sim criar uma unificação de linguagem, compreendida por todos, tendo como foco o paciente.
Outros profissionais reconhecidos da saúde, também começaram a procurar no movimento da Psicossomática , respostas a questionamentos que não eram esclarecidos no seu próprio meio, como o dentista que ouve as queixas sobre a vida do paciente e não sabe o que fazer com isso; o fisioterapeuta que trabalha com músculos e posturas, corrige o andar, mas não alcança a extensão do seu trabalho, naquilo que se articula internamente quando se mexe no corpo; o assistente social que desenvolve trabalhos maravilhosos com grupos, ouve pessoas mas precisa entender mais de família, de afeto, de ambição e de desesperança; a enfermeira que dispõe do seu executar e lida diretamente com o paciente, ela que o toca. que dá o medicamento e ouve familiares em desespero as vezes sem saber como atuar; o advogado que trabalha com conflitos sem ter um respaldo do conteúdo do ser humano; o sociólogo e o comunicador, que ouvem, estudam e analisam fatos acontecimentos e se expõem no dia a dia com as pessoas como se elas fossem mero acaso de seu trabalho, sentindo no entanto que fica um vazio, pois o mero acaso é um ser humano que precisa de compreensão; sem falar do professor que precisa entender a pessoa para poder entender sua maneira de aprender e reformular as várias formas de aprendizagem. Todos esses profissionais são pessoas que mexem diretamente com o indivíduo mas que aprenderam a cuidar de apenas um de seus lados. Ampliando nossa consciência de saúde, consideramos os pais os grandes agentes preventivos de saúde. Por isso a Psicossomática entendeu que seria necessário unir estas experiências e esses desejos e transformá-los em uma única compreensão, de olhar o ser humano como um todo, em constante desenvolvimento e transformação.
Hoje o pensamento principal deste movimento defende a integração entre profissionais, onde cada um tem a sua academia restrita a uma única forma de estudar o individuo, mas se reunindo com outros profissionais para discutir o caso de um paciente, compartilhando outras formas de atuação, para auxiliar o tratamento, na mais ética de todas as formas de estudar. Todos aprendem, todos os profissionais ouvem, se respeitam, pouco importando sua linha teórica de atuação. Não existe líder nestas reuniões e sim coordenadores de momento, quando estão explicando o fato ou o fenômeno em questão.
A Psicossomática não se trata de uma especialidade, (seria irônico se o fosse), pois procura-se a contribuição de cada profissional, para somar conhecimentos e saberes, formando assim um grande rio de compreensão, com afluentes que nele deságuam. As universidades nos preparam para sermos onipotentes, mas buscamos nortear nosso trabalho na busca de uma linguagem única para entender a do paciente, que não se expressa de maneira intelectualizada, mas através de sua dor e de seu sofrimento seja ele físico ou psíquico.
TEXTO DA DRA. MARIA ROSA SPINELLI - FONTE: www.psicossomatica-sp.org.br
Estas experiências vividas ou resultantes de fantasias ou de nosso instinto (percepção mais primitiva da vida), continuarão atuando em nosso pensamento de uma maneira consciente ou inconsciente. Se for reprimida ou negada por qualquer situação de conflito, seja de natureza social ou emocional, irá para o inconsciente, uma espécie de caixa preta do individuo, que agirá constantemente como um imã que dirige o objeto através de um manejo invisível, no caso será a atuação do inconsciente, como no exemplo do objeto que se movimenta em cima da mesa parecendo ter vida própria, mas que é comandado por movimentos do imã oculto sob a mesa (inconsciente). As expressões faciais, as posturas corporais, o tom de voz e a atuação diante de outras pessoas mostram algumas faces deste inconsciente, que através do corpo expressa aquilo que o incomoda e o comanda. O desconhecimento da sua própria vontade e da sua própria vida torna-o então incompreensível. Assim age o ser humano, assim deveríamos estudá-lo para entendê-lo melhor por inteiro, como corpo, mente e espírito inserido em seu meio ambiente.
O movimento psicossomático surgiu na década de sessenta no Brasil, no período em que se estabelecia a "Revolução dos Corpos" na Psicologia e na Medicina buscava-se respostas para entender melhor as doenças funcionais que não tinham explicação médica, numa tentativa de integrar o corpo e a mente. A era da transgressão começava na Europa e explodia em todos os continentes, pois a população de todos os países queria mudanças na forma de viver e de ser. Para promover mudanças, as transgressões eram necessárias, pois se buscava a liberdade de direitos e melhores dias. A Psicossomática surgiu então para proporcionar um entendimento melhor do ser humano pois acreditava-se que tratar de uma única parte do indivíduo era uma forma reducionista e incompleta de atuação.
Paralelamente a este pensamento científico, surgiram também as especialidades e a tecnologia e o pensamento dominante no meio acadêmico passou a ser então tecnologia na educação, na ciência e na saúde. Conquistou-se o espaço, mas não se entendeu o homem.
O movimento Psicossomático, no entanto perdurou estes anos todos em todo o país e no exterior. Muito se pesquisou e ainda se pesquisa sobre somatogênese e psicogênese. Muitas teorias foram formuladas a respeito, muitas evidências foram descobertas, mas os profissionais da saúde continuaram a falar em guetos sem troca de experiências. Aconteceram então as confusões: psicólogos acreditaram que a Psicossomática os tornaria médicos e os médicos entenderam que a Psicossomática os tornaria psicólogos. Não é possível fazer uma hibridização de profissões, mas sim criar uma unificação de linguagem, compreendida por todos, tendo como foco o paciente.
Outros profissionais reconhecidos da saúde, também começaram a procurar no movimento da Psicossomática , respostas a questionamentos que não eram esclarecidos no seu próprio meio, como o dentista que ouve as queixas sobre a vida do paciente e não sabe o que fazer com isso; o fisioterapeuta que trabalha com músculos e posturas, corrige o andar, mas não alcança a extensão do seu trabalho, naquilo que se articula internamente quando se mexe no corpo; o assistente social que desenvolve trabalhos maravilhosos com grupos, ouve pessoas mas precisa entender mais de família, de afeto, de ambição e de desesperança; a enfermeira que dispõe do seu executar e lida diretamente com o paciente, ela que o toca. que dá o medicamento e ouve familiares em desespero as vezes sem saber como atuar; o advogado que trabalha com conflitos sem ter um respaldo do conteúdo do ser humano; o sociólogo e o comunicador, que ouvem, estudam e analisam fatos acontecimentos e se expõem no dia a dia com as pessoas como se elas fossem mero acaso de seu trabalho, sentindo no entanto que fica um vazio, pois o mero acaso é um ser humano que precisa de compreensão; sem falar do professor que precisa entender a pessoa para poder entender sua maneira de aprender e reformular as várias formas de aprendizagem. Todos esses profissionais são pessoas que mexem diretamente com o indivíduo mas que aprenderam a cuidar de apenas um de seus lados. Ampliando nossa consciência de saúde, consideramos os pais os grandes agentes preventivos de saúde. Por isso a Psicossomática entendeu que seria necessário unir estas experiências e esses desejos e transformá-los em uma única compreensão, de olhar o ser humano como um todo, em constante desenvolvimento e transformação.
Hoje o pensamento principal deste movimento defende a integração entre profissionais, onde cada um tem a sua academia restrita a uma única forma de estudar o individuo, mas se reunindo com outros profissionais para discutir o caso de um paciente, compartilhando outras formas de atuação, para auxiliar o tratamento, na mais ética de todas as formas de estudar. Todos aprendem, todos os profissionais ouvem, se respeitam, pouco importando sua linha teórica de atuação. Não existe líder nestas reuniões e sim coordenadores de momento, quando estão explicando o fato ou o fenômeno em questão.
A Psicossomática não se trata de uma especialidade, (seria irônico se o fosse), pois procura-se a contribuição de cada profissional, para somar conhecimentos e saberes, formando assim um grande rio de compreensão, com afluentes que nele deságuam. As universidades nos preparam para sermos onipotentes, mas buscamos nortear nosso trabalho na busca de uma linguagem única para entender a do paciente, que não se expressa de maneira intelectualizada, mas através de sua dor e de seu sofrimento seja ele físico ou psíquico.
TEXTO DA DRA. MARIA ROSA SPINELLI - FONTE: www.psicossomatica-sp.org.br